Linha de frente: motoboys do ABC são os responsáveis pela própria segurança durante a pandemia
- Beatriz Mizuno
- 31 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Ao lado de profissionais da saúde e do comércio, entregadores também prestam serviços essenciais à comunidade

Entre estabelecimentos e aplicativos, o motoboy Wendell mostra que redobrou os cuidados de higiene por conta própria
Levando fragmentos do mundo exterior para dentro de milhões de residências, o grupo de trabalhadores que realiza entregas tem se mostrado ainda mais indispensável do que jamais se pensou. Muitos motoboys não contam com a ajuda dos estabelecimentos e aplicativos em que trabalham, e a prevenção ao novo Coronavírus acaba ficando por conta própria.
O motoboy Wendel Sato explica um pouco da nova rotina. “Tivemos que fazer várias mudanças, como passar álcool 70% em quase em tudo: celular, maquininha de cartão, isopor e nas mãos depois de ver o cliente. Também dar álcool em gel para o cliente se ele quiser, e quando possível lavar as mãos e sempre ficar atento ao uso de máscara”.
Gean Carlo de Oliveira tem 27 anos, e há sete trabalha como motoboy. Com um filho de 5 meses em casa, ele afirma que os cuidados têm que ser redobrados: “a adaptação foi tranquila, mas precisei aprimorar mais a higiene, ainda mais por trabalhar na rua e ter contato com milhares de pessoas. A empresa não favorece [equipamentos de proteção] para nós. A cada dia que eu preciso fazer a troca de uma máscara ou de uma luva, tem que ser por minha conta”.
Durante o dia, ele trabalha como entregador em uma farmácia, e à noite faz entregas para uma lanchonete. “O fluxo de entregas aumentou bastante. Eu fazia por dia 70, 80 entregas de medicamentos. Hoje, devido à pandemia, ‘tá’ vindo 160, 200 entregas”. Mas o aumento do fluxo de entregas não foi proporcional ao tempo de Gean, que é responsável por todos os deliveries de determinada região. “O meu contrato não tem limite de entregas. É por minha conta, então tive que contratar mais pessoas para trabalhar comigo”.
No Estúdio Folha, a Folha de S.Paulo identificou um aumento nas gorjetas dadas aos motoboys de aplicativos como Rappi, Uber Eats e iFood, mas o entregador Eduardo Maia diz o contrário: “antigamente, a cada 10 entregas, eu recebia gorjeta a cada duas ou três. Hoje, a cada 30, recebo uma. Além disso, no restaurante eles não repassam as gorjetas”, pontuou. Ele ainda afirma que não recebeu apoio dos aplicativos em que é credenciado, diferente do que noticia o veículo.
O Sindicato dos Motoboys de São Paulo vem distribuindo álcool em gel e lencinhos para que entregadores limpem seus celulares e partes de suas motos. Já o Sindicato dos Motoboys do ABC preferiu não se pronunciar sobre o apoio que vem sendo dado aos entregadores durante a pandemia; no entanto, todos os profissionais entrevistados não conhecem ou nunca tiveram contato com o Sindicato.
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