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Foto do escritorBeatriz Mizuno

Solidariedade: movimentos e arrecadações garantem a sobrevivência de povos indígenas na pandemia

Sem a renda provinda de turismo, palestras e venda de artesanatos, muitas aldeias recorrem à ajudas externas para garantir seu sustento


Reprodução: Documentário Filhas da Terra, 2019.


A pandemia da COVID-19 segue afetando os mais diversos âmbitos da sociedade, inclusive as aldeias indígenas. Cerca de 2,3 mil casos de contaminação pelo novo Coronavírus e 236 mortes de cidadãos indígenas pela doença já foram contabilizados pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas no Brasil). Somada à falta de subsídios governamentais para a proteção dos povos indígenas, a COVID-19 representa uma ameaça à muitas aldeias – mas também desperta a solidariedade de muitos grupos.


Segundo Aleandro Laurindo da Silva, indigenista do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), aldeias do litoral sul de São Paulo começaram há pouco a receber cestas básicas da FUNAI – após cerca de 3 meses de isolamento social. Ele destaca também que demais concentrações indígenas, como no Norte do país, ainda não receberam nenhum tipo de auxílio. A situação se agrava com a incapacidade de muitos indígenas de receberem o auxílio emergencial, como ressalta Aleandro, em crítica ao governo federal: “muitos povos indígenas não conseguem [o auxílio emergencial], pois não têm acesso ao sinal de internet”.


Tendo em vista essa problemática, diversos movimentos solidários para garantir a subsistência dos povos indígenas durante a pandemia foram observados. É o caso das jornalistas Maria Cecília Zanin Reina e Bruna Dorazzo, que em conjunto com a ativista indígena e co-deputada estadual da Bancada Ativista (PSOL) Chirley Pankará, arrecadaram 48 cestas básicas e outras doações para as aldeias Itaóca e Bananal, ambas no litoral sul de São Paulo. “Fomos conversar com a Chirley e perguntar do que estavam precisando, e estavam carecendo de itens básicos de sobrevivência”, conta Maria Cecília. “As aldeias indígenas, principalmente as do litoral, são, em maioria, distantes de centros comerciais. Isso acaba fazendo com que os indígenas tenham que se deslocar até a cidade para consumir produtos, trabalhar etc. Como durante a pandemia isso é inviável, acredito que as doações possam ajudá-los muito nesse aspecto. Além disso, muitas aldeias sofrem com condições precárias, e produtos de higiene são essenciais para manter a saúde durante esse momento que estamos vivendo”, completou.


Apesar de manter-se no anonimato, o CIMI também arrecada doações e cestas básicas para as milhares de terras indígenas nas quais atua pelo Brasil. Aleandro relata que, durante a pandemia, grandes campanhas de arrecadação já foram feitas – mais de mil cestas básicas e itens de higiene pessoal e cerca de 400 máscaras – para distribuição para os povos indígenas onde atua. “Temos feito um trabalho árduo para garantir a assistência emergencial dos povos indígenas nesse momento de pandemia”, finaliza. Além disso, Aleandro ainda revela que a pandemia trouxe mudanças no estilo de vida de muitas aldeias. “Estando mais no território indígena, eles abraçaram ainda mais o modo de vida próprio”.

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